18/10/2011

1ª e 2ª diárias de “Nove e Meia” – Versão do Produtor


Neste último dia 15, o curta-metragem Nove e Meia começou a sair do papel. Para alguns, é o início de um novo e interessante trabalho audiovisual; para outros, uma oportunidade de inebriar-se com o viciante “clima de set” que sempre se instaura em produções assim. Para este que vos escreve, é um misto dessas duas coisas com uma terceira: a realização de um sonho (há anos buscava adaptar o conto Nove Horas e Trinta Minutos – de Rubem Fonseca – e agora, graças ao esforço conjunto de um pessoal talentoso e esforçadíssimo, isso está sendo possível).


Bem, vamos ver como foram as coisas então neste primeiro fim de semana de filmagem.



1ª DIÁRIA – MANHÃ – “Uma busca por justiça”


8 da manhã de um sábado parcialmente ensolarado. Fórum Central de Porto Alegre. O esquema de transporte que montamos para levar a equipe e alguns atores do elenco funcionou tão bem que fiquei até surpreso com a pontualidade com que o pessoal ia chegando (meu parâmetro é sempre o trabalho anterior – no caso, Os Batedores – e quem acompanha a Arquivo Morto há um tempinho sabe que cumprir horários não foi um grande mérito naquela vez). Identificação na entrada, abertura da sala, paleteamento de equipamento (não, isso não é um esporte olímpico), a busca por um platô interessante (e disponível) e um coffee break regado a bolinhos (cedidos pela Tondo Alimentos) e sanduíches caseiros, enquanto o Filipe – Diretor – e seu fiel escudeiro Cristian planejavam os takes, Fernandinho – Diretor de Foto – e seu fiel escudeiro Jonas setavam as luzes e a Denise deixava o pessoal bonitão no make-up. Como ela não tinha um fiel escudeiro e eram seis atores e deixar o Edu Steinmetz bonito não é tarefa fácil, acabamos encontrando o primeiro e último gargalo da 1ª diária: o tempo necessário para maquiagem coletiva. Para a Denise, foi uma correria danada; para mim como produtor, foi um aprendizado para ajustar melhor os tempos na próxima vez.


Luzes, câmera e VALENDO! Em cena, Dani Fogliatto fulmina nosso (anti) herói Rafael Tombini com um olhar enlouquecido. Ele desvia, enquanto brinca com seu relógio de estimação. Em volta, Edu e Marcello Crawshaw – advogados de Dani e Rafa, respectivamente – trocam farpas em um texto totalmente improvisado (como o curta-metragem não possui diálogos, estes textos são utilizados para dar embasamento nas intenções visuais dos atores), enquanto Alex “Nicholas Marshall” Kleine tenta apaziguar a situação. Ao seu lado, Luísa Herter faz o registro da audiência enquanto embeleza a cena. Não demorou muito para que o circo pegasse fogo e os personagens começassem a se digladiar em cena, com acusações que fariam John Wilmot enrubescer (estava perambulando em uma zona de meretrício, Sra. Zanatta? Que coisa feia...). Em determinado momento, Henrique e eu saímos para comprar alguns itens faltantes de maquiagem (e um Engov, para ele) e, quando retornamos, dava para ouvir os gritos de fúria do casal lá do elevador.


Com um sistema de filmagem dinâmico e a competência dos atores (que nos isentaram de ter de repetir os takes over and over again), conseguimos – ainda pela manhã – ajustar um cronograma que, por si só, já era bastante puxado. O material bruto ficou intenso e a escolha de elenco mostrou-se acertada (se antes já achava a Dani interessante para o papel da mãe enraivecida, olhando agora tenho certeza de que não poderíamos ter encontrado atriz melhor para isso). A displicência do Rafa – inerente ao personagem – caiu como uma luva para subsidiar o ódio da mulher, e as interações dos outros atores em cena soaram muito orgânicas.


E, claro, tínhamos o relógio infantil, produzido pelas arteiras Fê e a Sheila, com contribuição do Rafa no visual final do objeto (sabe aquele sujeito que dá o sangue pelo trabalho? Pois é, digamos que o nosso ator leva isso bem a sério). Este pequeno relógio, que foi fruto de uma árdua pesquisa e procura das gurias e que foi uma epopéia para ser escolhido, acabou ficando muito, mas muito, mas muito perfeito em tela (confesso que fiquei reticente na 1ª vez que pus os olhos nele, no mostruário, mas mordi minha língua).


Para encerrar a manhã, tivemos uma breve cena nos corredores escuros do Fórum, com figurações do Herique e César (o gerente de operações da Lumiere) apostando nos cavalos, Babys e Sheila de fundo, e Luciana Espindola (responsável pelo Making Of) subindo uma rampa.


Ah, cheguei a citar que a Luciana também tem seus fiéis escudeiros? =P


A seguir: 1ª DIÁRIA – TARDE

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