01/11/2012

...e no fim de uma Armada...


Poucas coisas são tão recompensadoras quanto a sensação de um realizador ao finalizar um filme. Não apenas pelo senso de tarefa concluída que permeia por cada um dos engajados no projeto, mas também pelo vislumbre da criação, do nascer de uma ideia, do estar presente e participar ativamente do exato momento em que determinada história é contada, pela primeira vez ou não, mas daquela maneira peculiar que identifica uma obra como única. Para o roteirista, é a possibilidade de ver seus escritos tornando-se carne e osso, de presenciar a respiração e os trejeitos de seus personagens na pele de atores e atrizes que entregam suas almas para tecer a credibilidade que vemos em tela. Para os Diretores de Fotografia e de Arte, é uma janela de cores, luzes e texturas a ser desbravada, enumerando mil possibilidades de transformar uma forma apenas animada em uma peça de arte em movimento. Para os Produtores, é a chance de tornar o inimaginável em algo possível, de transformar sonhos – e às vezes pesadelos – em realidade, disponibilizando as ferramentas necessárias para a execução do projeto. Para o Diretor, é o desafio da linguagem, de transpor as barreiras alheias com sua criatividade e visão de mundo, de coordenar os esforços em uma sinergia que se traduz em uma simples palavra: emoção. Para todos que trabalham em um filme, tudo isso é aliado à oportunidade de ser parte imprescindível de um processo bárbaro, onde ensinamos o pouco que sabemos e aprendemos além da conta.

Com ARMADA, esta aura passou a ter um significado maior uma vez que estávamos prestes a contar uma história causticante, cujas marcas ainda são sentidas até hoje por aqueles que, de um modo ou de outro, viveram a turbulenta época da ditadura no Brasil. O compromisso de traduzir em tela algo tão aterrador de forma absolutamente atrelada à realidade daquele tempo demandou um longo tempo de pesquisas a livros, documentos e entrevistas com historiadores e militantes que, assim como o personagem Pedro, sofreram nos fatídicos porões. Este compromisso com a veracidade da narrativa se alastrou para os demais aspectos da produção à medida que compomos uma equipe empenhada, disposta a doar sangue e suor para executar um trabalho técnico primoroso e vívido, que só encontra paixão comparável nas atuações de um elenco inspiradíssimo: os protagonistas Davi Souza (Pedro) e Jorge Valmini (Nunes) não apenas abrilhantam o filme, mas o tornam tão dramático e dinâmico que é impossível ficar indiferente.

Todo este esforço e aprendizado, esta convergência de pessoas e seus talentos em torno deste assunto que tanto urge em ser lembrado, só foi possível graças ao incentivo cultural disposto pela Prefeitura Municipal de Caxias do Sul e de sua CASF, não apenas por prover os recursos necessários para o andamento do projeto através do Financiarte, mas – principalmente – por acreditar nele e no potencial dos profissionais envolvidos.

Este é o nosso tijolo em uma parede que protege do esquecimento uma época tão febril e pessoas tão empenhadas em tornar o nosso país uma nação melhor e mais justa, e este é o agradecimento dos profissionais deste projeto para todos que tornaram esta ARMADA possível.

Muito obrigado!

NOVE E MEIA em Festival de Cinema no Peru


NOVE E MEIA estará em Novembro na sua terceira participação latino-americana em Festivais. Desta vez será no PERu, no IX Festival Internacional de Cortometrajes en Lambayeque - FENACO. O filme foi selecionado para mais este festival internacional e será exibido aos peruanos entre os dias 14 e 17 de Novembro.

Conheça mais sobre o festival em seu site.